Não, isso não é um post sobre o caso atual de comoção nacional, o seqüestro das adolescentes Eloá e Naiara.
Eu não vou nem falar sobre o caso, pois todos já devem estar cientes sobre os detalhes e etc. etc.
Farei simplesmente uma crítica a esse alarde todo.
Primeiramente, pelos motivos disso. Seria porque elas eram jovens? Bonitas?
"Uma morte é uma tragédia; a de milhões, uma estatística."
A questão é que toda vida tem o mesmo valor. Certas pessoas podem ter mais valor do que outras, mas a vida é sagrada e inviolável, incondicionalmente.
Cada caso de morte violenta é um absurdo, é uma perda enorme - não são números. "Morrem x pessoas por ano devido a homicídios na Grande São Paulo". E cada pessoa dentre esse "x" era um ser humano, com sentimentos tão complexos, sutis ou profundos quanto os seus ou meus. Com sonhos roubados, despedaçados. Com uma vida ceifada. Com, no mínimo, uma pessoa que derramará lágrimas por dias, semanas, meses ou anos, por perder um amigo, um irmão, um colega, um amor.
Mas as pessoas se esquecem disso. Por uma ou outra razão, certas mortes violentas têm uma cobertura MUITO maior da mídia do que outras. E isso varia com a época, também. Já foi o caso da Suzane von Richthofen, do menino João Hélio, Isabella Nardoni, etc. E eu condeno isso.
Eu condeno essa mídia que noticia rotineiramente essas mortes, de forma que nossa sociedade tenha tornado-se alienada, anestesiada. Que seja necessário algo tão obviamente violento e absurdo para chocar-nos. E mesmo com o choque, a revolta, o horror, tão pouco se faz a respeito.
Uma camiseta "não à violência", um post num blog, uma passeata - atitudes isoladas muitas vezes recheadas de boas intenções, porém, enquanto forem casos isolados, não serão mais do que tijolos no muro.
Acordem. O triste caso dessas meninas não foi o primeiro e tampouco será o último, a menos que façamos algo a respeito.
Ou depositaremos a responsabilidade em nossos governantes? Ou lamentaremos, nos revoltaremos, poremos no orkut um "Eloá, vá em paz", por um tempo? Diga-me, boa vontade passiva adianta alguma coisa? Pois eu não acho.Quando alguém perde uma pessoa próxima, por uma causa violenta - um assalto, por exemplo -, ah, aí é uma tragédia. Claro que sim.
TODA morte é uma tragédia, uma perda incalculável. Cada morte violenta é um absurdo, uma vida, um ser humano - e TUDO que isso representa - a menos, por razões muitas vezes tão tolas, mesquinhas, superficiais.
"Só existem duas opções nessa vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca."
Mais humanidade, mais fraternidade, menos passividade, menos egoísmo não nos faria mal.
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